1.19.2006

O candidato com orelhas de burro

Se depois de tantos anos a seguir os passos do Capuchinho Vermelho, o Lobo Mau não descobrir o caminho certo à primeira volta...




...regressa à universidade, e vai sentar-se ao fundo da sala de costas para os outros meninos, com estas lindas orelhas de burro.




Os bonecos são de: Rui Pimentel/O Jornal 1990 e de António Martins/GR 2003

8 comentários:

João Fialho disse...

O amigo Moutal tem vindo a melhorar este espaço, que já se tornou uma visita mais que obrigatória.

Os meus parabéns.
É de continuar, sem dúvida.

Saúde

MouTal disse...

Agora quando se acabarem as eleições é que tenho de pensar como vai ser.
Gostaria de lhe pedir opinião neste próximo fim de semana. Valeu?

Anónimo disse...

Eu tenho uma sugestão.

Por que não arranjar cartoons sobre os nossos políticos locais?

Não acha que seria interessante?

MouTal disse...

Seria interessante, sim senhor.
Só que, nenhum cartunista local, se os há, publicou sobre os nossos políticos.
Contudo, há muito por fazer,por cá,tenho algumas ideias em carteira, mas como diz o povo, é dificil ser profeta na nossa terra...

Anónimo disse...

Todas as semanas tento descobrir alguma coisa que caracterize a campanha de Alegre e encontro sempre o mesmo: o tema da campanha de Alegre é a candidatura de Alegre, as suas razões, as suas vicissitudes, os ataques do PS, as aleivosias do “aparelho” do PS, e o hiper-elogio da grande coragem, do magnífico “acto de cidadania” que foi fazer uma candidatura nestas circunstâncias. Alegre apresenta-se sempre como “o homem que ninguém cala”, como se fosse o único na política portuguesa com essa virtude.

Depois há algumas coisas que foram esboçadas nos documentos iniciais da candidatura, um patriotismo “orgânico”, telúrico, histórico, identitário, que valeria a pena discutir, se tivesse tido algum desenvolvimento no quotidiano político da candidatura, e há o homem Manuel Alegre que, no cinzentismo dominante da nossa política, tinha mais corpo do que é habitual, voz alta, prazeres fortes, raízes, obra e vida. Mostrou moderação e gentlemanship, qualidades que partilhou com Jerónimo de Sousa e contrastavam com Soares e Louçã entre os opositores de Cavaco. Mas também isso ficou pelo caminho de uma campanha que nunca se ergueu de toda uma mitologia da “cidadania”, permanentemente auto-elogiosa, e demasiado presa ás suas circunstâncias para ganhar dimensão. Mas por que raio, em 2005-6, fazer uma candidatura dissidente no PS é assim uma coisa tão corajosa que justifique andar três meses a encher o peito?

Alegre na sua campanha acaba por gerar os efeitos contrários à mensagem que quer passar, porque sobrevaloriza o “acto de cidadania” que é, num partido democrático num país democrático, candidatar-se contra a liderança. Big deal. Estamos em democracia, o máximo que se pode perder são alguns lugares, posições e prebendas. Eu sei do que falo, talvez por isso não me incline para passar o tempo todo a dizer que isso é uma grande coragem. Coragem era antes, antes do 25 de Abril, ou no PREC, agora são peanuts. Pelo modo como está permanentemente a incensar-se Alegre acaba por desvalorizar a verdadeira coragem política, a favor de um acto de rebeldia, um pouco incómodo pessoalmente e desgastante, mas nada que Alegre não possa suportar como consequência da sua decisão de homem feito.

O segundo efeito desta candidatura é mais verdadeiro, e mais preocupante. Actuando o candidato Alegre nos “meios” PS e estando o PS no governo, o que Alegre nos diz é que nos partidos políticos, neste caso em particular no PS, o conformismo e a obediência são a chave para os lugares, as cunhas, os múltiplos serviços que um socialista pode tirar do seu partido no governo, para si, para o seu emprego, para os seus, para o filho que quer empregar numa autarquia, para a filha que quer ver numa repartição. Aí sim, a candidatura de Alegre revela o clientelismo partidário e os seus mecanismos, e esse é o “medo” de que ele está a falar. Não é do “medo” dos portugueses em apoiar a sua candidatura, bem vista por boas e más razões “à direita”, mas sim do “medo” dos socialistas com as represálias do seu partido. Quisesse Alegre ir mais longe por aqui e o seu discurso político teria utilidade, mas mesmo que o fosse, era pouco para uma candidatura presidencial

João Fialho disse...

Ideias é o que não falta.

O malandro do "Tempo", esse sim, é que tem faltado, e muito.

No próximo fim-de-semana, se quiser, fazemos um "brainstorm" sobre estas questões. E logo se vê o que dali sai....

Anónimo disse...

"O amigo Moutal tem vindo a melhorar este espaço, que já se tornou uma visita mais que obrigatória.

Os meus parabéns.
É de continuar, sem dúvida.

Saúde"

Era isto que eu queria ter dito, mas não encontrei as palavras certas.

João Fialho disse...

Ó amigo "anónimo", as palavras certas são aquelas que nos vão cá dentro. É só deixar os dedos passarem isso para o teclado, o resto é fácil ....