6.12.2006

Memórias dos Pupilos do Exército


Rui Teixeira Freitas

Também conhecido pelo “Barrigas”, era o 240.

Herdou a alcunha do seu antecessor, até porque sempre foi um rapaz elegante e ainda hoje mete inveja a muitos jovens.

Transmontano de Vidago, é duro como as pedras e teimoso q.b.

É o mais velho do nosso curso do Pilão e na Academia, foi o único que foi graduado e um quase eterno “chefe de curso”.

Embora todos sejamos companheiros desde miúdos o meu relacionamento e amizade com o Freitas só se começou a solidificar depois de sairmos do Pilão.
Não sei explicar o porquê, nem se o defeito era meu, mas foi assim que aconteceu.

O Freitas foi o primeiro a ter automóvel, um Fiat 600 muito velho e daqueles que ainda abria a porta para a frente. Não tinha travões nem motor de arranque, tinha de estacionar nas descidas, por motivos óbvios, e para parar tinha de se dar à bomba cinquenta metros antes do local de paragem, e depois era só trabalho de travão de mão. Com tal calhambeque ninguém se atrevia a pedir-lhe o carro emprestado.
Quando acabavam as aulas à noite, o velho 600 voava do Rato até Belém para me deixar no barco da Trafaria que eu apanhava sempre à tangente.
Meu companheiro de curso na A.M. foi o número um do nosso Curso de Artilharia.

É inteligente, metódico e exigente, e até chateia de tão perfeccionista.

Foram essas competências que todos lhe reconhecemos que levaram o governo de Macau a convidá-lo para assessor, onde não deixa os seus créditos por mãos alheias.
Sempre que vem a Lisboa juntamos as famílias para a jantarada da praxe e para matar saudades.


Mas o seu calcanhar de Aquiles eram as mulheres. (Vou abrir este parênteses para avisar a minha afilhada que não pode ler o que se segue).
Não se sabe se o Freitas tinha mel ou se era aquele ar de “cachorro sem dono” que lhes despertava os instintos maternais…mas o melhor é dar o assunto por encerrado.

O Freitas foi na sua carreira um oficial muito disciplinado e disciplinador, nem à malta do curso dava baldas, claro que a malta depois lhe moía o juízo, mas o “sacaninha” consegui virar a malta e acabava sempre tudo bem disposto.

Estes rapazes que acabei agora de vos apresentar não foram simplesmente os meus colegas de estudos e de alguma vadiagem, são acima de tudo, hoje e sempre os meus maiores amigos.

2 comentários:

ALG disse...

Este é o lado bom da vida, os amigos com quem se partilharam alegrias, tristezas, êxitos, etc.
É bom saber que sempre podemos contar com eles.

Um abraço!

P.S. - Finalmente desvendado o mistério dos 6 milhões de Benfiquistas.

MouTal disse...

Mistério?
Qual mistério?
Esse número é mais que um axioma, é um corolário, pelo que, não carece de demonstração.
Um abraço e uma boa semana de trabalho.