Recordações do Natal - I - "A Cama de Ferro"
Confesso que nunca fui fã do Natal.
Natal, fim-de-ano, aniversário, os condimentos perfeitos para me pôr a fazer balanços à vida e ficar deprimida...
Mas este ano recuso-me a "entrar por aí" e quero ser inundada pelo espírito Natalício!
Assim, pedi ao meu pai este espaço emprestado, e vou partilhar convosco algumas das minhas recordações de Natais passados, na esperança que me brindem com as vossas também!
Como diz o Poeta, "Recordar é Viver" e eu sempre fui adepta de "Para mais tarde recordar..."
A primeira homenagem (paizinho, perdoa-me) é para a minha Mãe, por todas as razões e mais algumas (até porque se passa imenso tempo sem lhe dizer quanto a amo e no Natal sou mais dada a estas “lamechices”), mas principalmente porque no outro dia ela me disse uma coisa que despoletou em mim estas recordações e esta vontade de partilhá-las.
A minha Mãe anda o Dezembro inteiro com uma lista interminável de nomes na carteira, que vai riscando à medida que vai comprando a respectiva prenda. A lista aumenta de ano para ano (a família e amigos insistem em reproduzir-se), e eu bem tento convencê-la a diminuir algumas pessoas, ao que ela me responde encolhendo os ombros, "Gosto tanto deles, custa-me que pensem que os esqueci..."
Ao longo de todo o mês de Dezembro, os embrulhos vão entrando lá em casa e, vão ficando à espera de encontrarem o feliz destinatário, em cima da famosa "cama de ferro".
A "cama de ferro", espante-se a audiência, não é mais que uma cama em ferro, que pertencia ao meu pai quando este era solteiro. A cama estava no "quarto de hóspedes" lá de casa, que é carinhosamente apelidado de "Quarto da Cama de Ferro" (até porque "Quarto de Hóspedes" parece-me uma expressão pequeno-burguesa, podem não achar, mas a mim parece-me!).
Mas este ano, no Verão, a minha mãe decidiu transformar o "Quarto da Cama de Ferro" em Escritório, até porque já era essa a função principal da dita divisão, e desfez-se da " Famosa Cama de Ferro", substituída por um moderno e giríssimo sofá-cama (escolhido pela maioria lá em casa!).
Eis senão quando, de repente, no outro dia, a minha Mãe sai-se (quase lacrimejando) com: "Filhotas, este ano não tenho a cama de ferro para espalhar os presentes por cima...".
Mãe, ía-se-me partindo o coração... partilho essa perda...
Afinal, eu fui uma grande impulsionadora da transformação do quarto em escritório, mas confesso que neste momento percebi que tenho saudades de ver a cama cheia de embrulhos! E "escritório" é um nome que o "Quarto da Cama de Ferro" não merece!
Descansem os ansiosos presenteados anualmente, pois as vossas prendas estão sossegadinhas em cima do sofá-cama, e ser-vos-ão ofertadas com o mesmo amor e carinho de sempre!
Boas Festas!
MafTal
2 comentários:
À MafTal
Também gostei dessa porque me trás igualmente grandes recordações.
Só me parece que a tal cama de ferro, onde o teu Pai dormiria em solteiro, era capaz de ser agora demasiado estreita para lá dormir um casal !
Por isso, olha, paz à sua alma, ou antes à sua recordação.
Como dizia o outro, em relação ao Rei: - "Morreu a Cama de Ferro, viva o Sofá-Cama !
Beijocas !
Ainda à MafTal
Esqueci-me de te dizer: Fico à espera de outras recordações tuas do Natal, conforme prometeste.
Ansiosamente. Escreve sempre que eu (e não só) gosto sempre imenso de te ler.
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