Ao longo destes 26 anos, houve dois Natais completamente diferentes. Espero que tenham sido os únicos, pelo menos por estes motivos.
Por vezes eu e a minha irmã questionávamos os meus pais porque é que não íamos buscar os meus avós e passávamos todos o Natal em VN. A resposta era sempre a mesma: a minha avó Queta queria passar sempre todos os Natais com a Mãe dela (a minha Bisavó Ana), e a minha Mãe queria passar sempre todos os Natais com a minha Avó Queta. Parecia-me justo!
Mas a vida dá muitas voltas e quando o meu pai foi dois anos para a Madeira (em trabalho), a ditadura lá em casa revelou-se. Para onde ia um tinham que ir os quatro, e duas não tinham direito a voto... Resultado: fomos os quatro viver para a Madeira (ainda bem que eu não tinha voto, porque, ao contrário do que esperava adorei aqueles dois anos).
Como tínhamos acabado de chegar no Verão, o primeiro Natal foi lá passado junto da família que lá temos.
(A irmã do meu pai quando acabou o curso de enfermagem foi para lá trabalhar. Por lá casou, por lá ficou sempre e é já tão Madeirense quanto o meu tio que lá nasceu).
Passámos portanto esse Natal em casa da minha tia. Foi diferente... tenho três primos pouco mais velhos que eu, portanto para mim foi giro.
Mau, mau, foi o telefonema na Noite de Natal entre a minha Mãe e a minha avó Queta (que cá ficou com a Mãe dela...). Eu tinha dez anos... tinha saudades da minha avó mas continuava a adorar a novidade. Mas a minha Mãe... agora percebo-a muito, muito bem. Agora percebo porque é que foram tantas lágrimas ao telefone. Jamais me esquecerei dos olhos da minha mãe nessa noite...
Escusado será dizer que no ano seguinte viémos a casa passar o Natal!
Eu quero passar todos os Natais com a minha Mãe e com a minha Avó e com a minha Mana! (Pai, Avô, também claro, como se vocês fossem capazes de passar o Natal longe de nós...)
A minha Mana...
Segundo Natal com uma forte ausência...
A minha Mana viveu dois anos em Moçambique, como Missionária...
Como foi em Outubro, nesse ano não veio passar o Natal a casa...
Foi horrível o ambiente nesse ano. Andávamos todos a chorar pelos cantos e a fingir uns para os outros um sorriso na cara para não parecermos deprimidos.
Passou-se tudo como já contei anteriormente (a Consoada e o Dia de Natal), mas o nosso olhar e o nosso coração estava vazio... a tristeza, apesar de dissimulada, era mais que muita...
Antes do jantar de Consoada ligámos-lhe. Ela fez o favor de nos dizer que estava tudo bem e estava feliz apesar de estar longe, fizeram os doces típicos e o bacalhau, mas nós não nos aguentámos. Foi uma choradeira pegada... começou pela minha Avó, achei normal... depois o meu Avô, também lacrimejou bastante... eu e a minha Mãe, esqueçam lá os pormenores, desfizémo-nos completamente... e até o meu Pai mal conseguiu falar com ela... notei-lhe o nó na garganta, a voz embargada, e o telefone de volta para as mãos da minha Mãe.
Esse Natal foi horrível... Descobri que não há nada pior no Mundo que passar o Natal sem alguém que se ama muito...
Graças a Deus é passado e prometam-me todos que nunca mais será futuro!
MafTal
2 comentários:
Eu não fiz o favor de dizer que estava feliz! Para mim tudo era novo, Natal com muito calor, Natal sem prendas, sem consumismo, Natal com Missa do Galo que dura 4 horas!
O facto de estar longe da família não "bateu", tudo era novo!
Mafalda, minha Mafalda.
Gostava tanto de te poder dizer qualquer coisa linda!...
Mas agora não "consigo", não me ocorre absolutamente nada!...
Obrigados, muito obrigados, são apenas as palavras que, de momento, os teus Avós têm para te transmitir, com todo o amor e todo o afecto que te dedicam.
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